Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2014

régua de felicidade

" és feliz? " se vos fizerem esta pergunta, o mais provável é começarem a patinar e gaguejar enquanto tentam responder honestamente. acabam por dar uma resposta remendada, feita às três pancadas, e isso acontece, acima de tudo, pela falta de coragem que temos para parar de vez em quando e pensar na resposta a esta pergunta. uns imaginarão a felicidade brilhando como diamantes, com postais de ilhas paradisíacas, águas claras e lagostas crepitantes a sair da grelha, enquanto vão polindo o brilho ao seu carro de luxo. outros cairão no pseudo-romantismo de abraçar uma felicidade primitiva, o amor e uma cabana, as estrelas tão bonitas lá no céu e para que precisamos do mundo e para que precisa o mundo de nós (até serem mordidos por um animal venenoso e irem a correr aflitos para o hospital). a felicidade propriamente dita é impossível de definir. é ler e ver e ouvir, para entender que há milhares de anos que gente que sabe e gosta de pensar se questiona sobre isso, se

as pessoas e a cómoda

a vida tem a mania de se compartimentalizar. são estados atrás de estados na infância, são fases atrás de fases na adolescência, são saltos de ponto para ponto na vida adulta. são muitos anos passados à face da terra (na verdade são sempre muito poucos) em que tanto pessoas como coisas fluem por nós. aparecem e desaparecem da nossa vida como incandescentes meteoritos quando invadem a atmosfera. para tudo isto, e sem ser por vontade própria, desenhamos dezenas ou centenas de gavetas, destinadas a cada um destes encontros vida fora. umas gavetas são abertas uma vez e logo fechadas para a eternidade. outras são abertas quando calha, e quando de lá salta a pessoa que ali esteve fechada anos a fio, é instantânea a corrente eléctrica que salta da gaveta para a nossa pele e acaba a aquecer o coração. outras gavetas há que trancamos a sete chaves e, ainda assim, vamos confirmar se não há hipótese de quem lá prendemos sair pela parte de trás do móvel.  penso muito na ironia das palavra